Quando somos pequenos, não temos muita noção dos perigos da vida, de responsabilidades, das causas e consequências e das nossas ações. Normalmente a família procura formas de falar que não podemos fazer algo pois "Papai do Céu não gosta" ou "Deus castiga". A Igreja, também comumente um dos primeiros núcleos sociais ao qual temos contato em nossa infância, nos diz que devemos ter "temor a Deus", pois Ele sabe de todas as coisas.
Aprendemos, então, que se colocarmos o dedinho na tomada tomamos choque... Aprendemos a usar protetor solar pra evitar queimaduras de sol... Aprendemos a ir ao banheiro antes de dormir, pra não fazer xixi na cama... Aprendemos a dormir cedo para acordar cedo, e não perder a hora da escola... Enfim, aprendemos tantas e tantas coisas que nos fizeram ser mais conscientes ao longo das nossas vidas. É por isso que crescer nos faz maduros, e nos torna mais responsáveis.
Entretanto, todas as experiências que ultimamente tenho tido me remetem à possibilidade do "castigo". Só que quando a gente cresce, os castigos são bem maiores e mais estressantes que simplesmente levar um choque, ter insolação, fazer xixi na cama ou perder a aula. Quem dera até fossem simples assim! Mas os ditos "castigos" para os adultos são formas duras e até mesmo constrangedoras que os próprios adultos criaram para corrigir as imperfeições morais de outros. E isso leva a pessoas como eu, que às vezes nem são tão perfeitos, a se submeterem aos mesmos "castigos".
E ficamos nos questionando: "Será se eu mereço isso tudo que está acontecendo comigo?"
A resposta ainda é: "Deus sabe de todas as coisas". Não sabemos o porquê de tantos erros, tantas imperfeições que levam a tantas provações, tantos momentos em que temos que optar entre fazer ou não fazer o que devemos, em função de algum problema que gostaríamos que fosse resolvido.
Sinta só a pressão na minha cabeça... Não pagou as contas? O castigo será a inclusão do nome nos órgãos de proteção ao crédito. E se fizer um empréstimo, para pagar uma conta alta? O castigo será o pagamento dos juros, e a impossibilidade de assumir outros gastos necessários. Se não pagar a conta absurda da Caixa Econômica? Será cobrada judicialmente, com o ônus (castigo também) de ter que assumir o pagamento do seu valor integral. A ausência no trabalho? O castigo será o registro de faltas e até mesmo a demissão. Não cuida da saúde? Vai ficar doente. Não toma os remédios? Vai permanecer doente. Se trabalhar doente? Corre-se o risco de passar mal no trabalho e o castigo será piorar da doença...
Isso é só uma pequena amostra de como minha cabeça está nesses últimos meses. Não estou conseguindo o equilíbrio emocional suficiente pra emergir nesse mar de situações e seus possíveis "castigos". O racional tá simplesmente adormecido, hibernando em algum lugar profundo do meu inconsciente.
Espero não estar chateando quem lê... Mas é necessário um mínimo de desabafo para que se perceba que mesmo vislumbrando algum possível "castigo" mais à frente em minha trajetória, eu permaneço cogitando, ainda que timidamente, a possibilidade de solucionar essas questões. E caso eu não consiga... Os castigos servirão também como fonte de aprendizado.
Só me resta confiar que "Deus nos dá a cruz no peso que podemos carregar".