Desde o fim de 2007, eu venho diariamente combatendo o meu próprio estado de espírito. Combatendo o desânimo, a falta de interesse pelas coisas que me cercam, pelas pessoas, o cansaço, a autocrítica exacerbada, o sentimento de impotência e inutilidade, a falta de prazer nas coisas que sempre gostei. Até que no começo desse ano (2009) eu resolvi, por conta própria, procurar um profissional onde eu pudesse realizar algumas sessões de psicoterapia. Após uma ou duas sessões de análise, a Psicóloga relatou que eu estava num estado de depressão moderada, necessitando de tratamento com ansiolítico e antidepressivo. Nada fora do convencional, para quem tem esse tipo de problema. E no meu caso, ocorre um tipo de deprê que não é visível, e que é a pior de se diagnosticar: aquela que só se conhece após muita conversa, pois a pessoa insiste que não há nada de errado, que pode fazer uma coisa ou outra e continuar seguindo a vida, e que basta pensar positivo e “tocar pra frente”. É uma depressão mascarada.
O que veio depois disso foi, obviamente, a consulta com o Psiquiatra (que me fez pensar: por que todo Psiquiatra é estranho?), alguns exames e o uso dos benditos remédios, que dão sono, moleza, falta de concentração e de apetite. Até aí tudo bem também, faz parte do tratamento.
Inicialmente a gente se sente meio incomodado, pensando no que pode estar acontecendo em nosso trabalho sem nós, como vai ser encontrar com os colegas, como não parecer doente estando doente. Tem horas que a gente até precisa parecer doente, porque tem gente que não entende que estar deprimido é estar doente também. Mas o que eu achei mais estranho foi o fato de que essa patologia mesmo sendo tão comum, ainda não é tão conhecida quanto deveria, em todas as suas características. As pessoas sabem que existe, mas não sabem como lidar com isso. E ainda há outras que acham isso uma "frescura", coisa de quem tem a cabeça vazia.
Algumas coisas pelas quais estou lidando chegam a ser abomináveis, mas fazem parte do contexto de quem sofre desse mal, e dependendo do que seja, não sei lidar. Por exemplo: quando me perguntam: “você está bem?”, isso me chateia de um tanto... Qual será a resposta que estão esperando? “Vou mal...” ou “Tô péssima”, ou ainda, “Tô ótima, nunca tive melhor na vida!” Não é tolerância zero, mas a pergunta aborrece porque sabemos que não se melhora da noite para o dia. Sendo assim, deveria ser feita outra pergunta: “Você está melhorando?”, assim, no gerúndio mesmo, mais ameno, pois a depressão tem graus diferentes, e diferentes fases. Subentende-se prévia compreensão dessas fases. Aborreceria menos.
Outra coisa que chateia é ter que lidar com pessoas ao invés de ajudar, não conhecem nada sobre a doença (ainda bem, não é mesmo?) e falam que “basta pensar positivo, levantar a poeira e dar a volta por cima, sair pra caminhar, passear por aí e ser forte” (essa é a pior!). É complicado lidar com tudo isso, num dia você pensa que está tudo bem, que os remédios estão fazendo efeito, e no outro você quer ficar embaixo da cama, porque em cima da cama dá pra todo mundo ver, e embaixo você fica escondido do mundo, protegido de todos. O pior é quando você não quer nem se levantar da cama, nem comer nada, nem beber nada. Nada é bom, nada é prazeroso, nada satisfaz, aliás, tanto faz o tudo ou o nada. Portanto só pensar positivo e “ser forte” não serão meios suficientes pra resolver o problema.
O pior mesmo é quando você tem que provar que não está bem... Na perícia médica, onde troco meus atestados médicos para o trabalho, tenho que relatar em todas as vezes e para médicos diferentes o que está ocorrendo comigo – como se não existisse um relatório médico de todos os profissionais que me atendem e o próprio atestado médico com as informações completas. O relato disso é uma tarefa extremamente desgastante e dolorosa, pois tenho que relembrar coisas que não gostaria, e tudo isso voltando à tona fico mais volátil, mais sensível, dói novamente. É como se eu fosse ao médico mostrar uma cicatriz de algum ferimento, e toda vez que mostrasse, o médico passasse o bisturi na cicatriz. Como curá-la? Na última vez em que estive lá, me perguntaram se eu "já estava bem. A resposta foi: "já não choro mais à toa". Eles entenderam a resposta como sensível melhora e me deram alta...
Lado bom, não há. A Poliana que existia dentro de mim, deve ter ido comprar cigarros; nunca mais deu notícias. É estranho, pois pareço não ser a mesma pessoa que conheci. Perdi-me de mim mesma, e me encontrar está cada dia mais difícil... E nessa busca de mim mesma, sigo tentando fazer as coisas que eu fazia, e até algumas que eu não fazia, querendo encontrar a garota espirituosa, corajosa e determinada que já fui um dia.
O que veio depois disso foi, obviamente, a consulta com o Psiquiatra (que me fez pensar: por que todo Psiquiatra é estranho?), alguns exames e o uso dos benditos remédios, que dão sono, moleza, falta de concentração e de apetite. Até aí tudo bem também, faz parte do tratamento.
Inicialmente a gente se sente meio incomodado, pensando no que pode estar acontecendo em nosso trabalho sem nós, como vai ser encontrar com os colegas, como não parecer doente estando doente. Tem horas que a gente até precisa parecer doente, porque tem gente que não entende que estar deprimido é estar doente também. Mas o que eu achei mais estranho foi o fato de que essa patologia mesmo sendo tão comum, ainda não é tão conhecida quanto deveria, em todas as suas características. As pessoas sabem que existe, mas não sabem como lidar com isso. E ainda há outras que acham isso uma "frescura", coisa de quem tem a cabeça vazia.
Algumas coisas pelas quais estou lidando chegam a ser abomináveis, mas fazem parte do contexto de quem sofre desse mal, e dependendo do que seja, não sei lidar. Por exemplo: quando me perguntam: “você está bem?”, isso me chateia de um tanto... Qual será a resposta que estão esperando? “Vou mal...” ou “Tô péssima”, ou ainda, “Tô ótima, nunca tive melhor na vida!” Não é tolerância zero, mas a pergunta aborrece porque sabemos que não se melhora da noite para o dia. Sendo assim, deveria ser feita outra pergunta: “Você está melhorando?”, assim, no gerúndio mesmo, mais ameno, pois a depressão tem graus diferentes, e diferentes fases. Subentende-se prévia compreensão dessas fases. Aborreceria menos.
Outra coisa que chateia é ter que lidar com pessoas ao invés de ajudar, não conhecem nada sobre a doença (ainda bem, não é mesmo?) e falam que “basta pensar positivo, levantar a poeira e dar a volta por cima, sair pra caminhar, passear por aí e ser forte” (essa é a pior!). É complicado lidar com tudo isso, num dia você pensa que está tudo bem, que os remédios estão fazendo efeito, e no outro você quer ficar embaixo da cama, porque em cima da cama dá pra todo mundo ver, e embaixo você fica escondido do mundo, protegido de todos. O pior é quando você não quer nem se levantar da cama, nem comer nada, nem beber nada. Nada é bom, nada é prazeroso, nada satisfaz, aliás, tanto faz o tudo ou o nada. Portanto só pensar positivo e “ser forte” não serão meios suficientes pra resolver o problema.
O pior mesmo é quando você tem que provar que não está bem... Na perícia médica, onde troco meus atestados médicos para o trabalho, tenho que relatar em todas as vezes e para médicos diferentes o que está ocorrendo comigo – como se não existisse um relatório médico de todos os profissionais que me atendem e o próprio atestado médico com as informações completas. O relato disso é uma tarefa extremamente desgastante e dolorosa, pois tenho que relembrar coisas que não gostaria, e tudo isso voltando à tona fico mais volátil, mais sensível, dói novamente. É como se eu fosse ao médico mostrar uma cicatriz de algum ferimento, e toda vez que mostrasse, o médico passasse o bisturi na cicatriz. Como curá-la? Na última vez em que estive lá, me perguntaram se eu "já estava bem. A resposta foi: "já não choro mais à toa". Eles entenderam a resposta como sensível melhora e me deram alta...
Lado bom, não há. A Poliana que existia dentro de mim, deve ter ido comprar cigarros; nunca mais deu notícias. É estranho, pois pareço não ser a mesma pessoa que conheci. Perdi-me de mim mesma, e me encontrar está cada dia mais difícil... E nessa busca de mim mesma, sigo tentando fazer as coisas que eu fazia, e até algumas que eu não fazia, querendo encontrar a garota espirituosa, corajosa e determinada que já fui um dia.
Aguardando voce voltar mas nao esqueca estou do seu lado !!! Mesmo Longe!! E Rezando sempre para que DEus te Ilumine e voce volte a Brilhar!!
ResponderExcluirEu sei bem o que vc tem passado... a sensação de impotência diante de tudo e, principalmente, de nossos próprios atos é desgastante e frustrante. Não tenho o que dizer, pois essas frases irritantes não adiantam e só fazem a gnt se sentir pior, pois parece que a gnt que não quer melhorar só pq "não saimos e não nos divertimos o suficiente"... Respiro fundo qdo ouço esse tipo de "conselho"... Mas vc está seguindo o caminho mais acertado. Medicamentos para suprir o que falta no organismo e acompanhamento médico. O restante é gradativo, as coisas vão se encaixando. Vc terá épocas de subidas e descidas, mas saiba que faz parte do processo de melhora. Eu to aki, seja para os momentos de crise ou de alegria inesperada e confusa... eu tenho a esperança de que possamos melhorar (de verdade e completamente!) no futuro! Vamos nos dar as mãos e seguir em frente... eu caio, vc cai, mas nos levantamos... faz parte da esperança que existe em mim...
ResponderExcluirSei muito bem como vc se sente, muitas vezes "estou assim", é desta forma que tenho pensado: hoje " estou desta forma....., amanhã será outro dia. Ruim quando todos os dias parecem iguais, aí fica complicado né? .... conheça meu blog, no mês de julho falo sobre TPM , mais uma coisa que temos em comum..rsrs
ResponderExcluirhttp://minhanadamolevida-kr.blogspot.com
Abraços KR - Praia Grande SP